Muitas são as discussões entre os teóricos em função dos conceitos de alfabetização e/ou letramento.
O conceito de alfabetização costuma restringir-se ao processo mecânico de codificar e decodificar signos, ler e escrever. Mas Paulo Freire, ao longo de suas obras, sempre o conceito de alfabetização numa perspectiva bem mais ampla, sempre vinculada a emancipação do sujeito, à autonomia, à criticidade, enfim, a alfabetização com relação direta a construção da cidadania.
Muitos teóricos receiam que a concepção de alfabetização nesta perspectiva freireana fique restrita apenas aos meios acadêmicos, e por isso, o conceito de letramento ganha espaço a fim de garantir esta nova roupagem de emancipação do sujeito.
Percebemos a partir de estudos empíricos propostos pela Interdisciplina de linguagem e Educação, do eixo VII, do Curso de Pedagogia à Distância, da UFRGS que o conceito de letramento é algo amplo e deve ser considerado segundo seu contexto.
[...] A palavra ‘letramento’ não está ainda dicionarizada. Pela complexidade e variação dos tipos de estudos que se enquadram nesse domínio, podemos perceber a complexidade do conceito. Assim, se um trabalho sobre letramento examina a capacidade de refletir sobre a própria linguagem de sujeitos alfabetizados versus sujeitos analfabetos (por exemplo, falar de palavras, sílabas e assim sucessivamente), então, segue-se que para esse pesquisador ser letrado significa ter desenvolvido e usar uma capacidade metalinguística em relação à própria linguagem. Se, no entanto, um pesquisador investiga como um adulto e uma criança de um grupo social, versus outro grupo social, falam sobre o livro, a fim de caracterizar essas práticas, e, muitas vezes, correlacioná-las com o sucesso da criança na escola, então, segue-se que para esse investigador o letramento significa uma prática discursiva de determinado grupo social, que está relacionada ao papel da escrita para tornar significativa essa interação oral, mas que não envolve, necessariamente, as atividades específicas de ler ou de escrever (ver Heath, 1982, 1983; v. também Rojo, neste volume). (KLEIMAN, 2006)
Entretanto, a escola é uma importante agência de letramento, que não deveria envolver apenas o letramento escolar ( aquisição de códigos alfabéticos e numéricos...) mas letramento social oriundos de outras agências, família, trabalho, igreja, grupos e tantos outros, entendido como um conjunto de práticas sociais a partir da aquisição da escrita.
Qual o real papel da escola? Alfabetizar ou letrar?
Para mim, fica bem claro que a leitura do mundo antecede a leitura da palavra, e isto deve ser considerado nas práticas escolares, bem como, envolver o letramento desde o início da alfabetização.
Parece confuso, mas não é!
29 de set. de 2009
PA’s, UMA PROPOSTA METODOLÓGICA FOCADA NA APRENDIZAGEM
Nos últimos meses me dispus a estudar sobre a metodologia de trabalho com Projetos de Aprendizagem, uma proposta inovadora que nos remete a importantes reflexões.
No entanto, o que considero mais difícil é “abandonar” parte daquilo que havia construído como ideal para as aprendizagens em sala de aula, como por exemplo, selecionar uma grade curricular, planejar aulas expositivas focadas no ensino, transmitir conhecimentos, enfim.
A proposta metodológica com PA’s tem seu foco na aprendizagem, parte do interesse dos alunos, das perguntas que trazem consegue e que pretendem construir respostas para elas. O aluno estabelece seus percursos, suas estratégias e ao professor cabe o papel de mediador, orientando, indagando, desestabilizando, etc.
Não há uma preocupação com o “vencimento” da grade curricular estabelecida para uma série específica, o foco está nas aprendizagens que vão sendo construídas. A avaliação nos PA’s é realizada por todos os envolvidos e o professor perde seu “status” de “julgador” quantitativo de conhecimentos. Também não há preocupação exclusiva com resultados, todo o processo das aprendizagens é considerado e avaliado.
É algo novo e que vale a pena ser experimentado, pois a proposta metodológica com PA’s é pautada na aprendizagem, na liberdade, na autonomia e cooperação para todos os envolvidos, professores e alunos.
Conhecer esta proposta é fundamental para reformularmos nossas concepções!
No entanto, o que considero mais difícil é “abandonar” parte daquilo que havia construído como ideal para as aprendizagens em sala de aula, como por exemplo, selecionar uma grade curricular, planejar aulas expositivas focadas no ensino, transmitir conhecimentos, enfim.
A proposta metodológica com PA’s tem seu foco na aprendizagem, parte do interesse dos alunos, das perguntas que trazem consegue e que pretendem construir respostas para elas. O aluno estabelece seus percursos, suas estratégias e ao professor cabe o papel de mediador, orientando, indagando, desestabilizando, etc.
Não há uma preocupação com o “vencimento” da grade curricular estabelecida para uma série específica, o foco está nas aprendizagens que vão sendo construídas. A avaliação nos PA’s é realizada por todos os envolvidos e o professor perde seu “status” de “julgador” quantitativo de conhecimentos. Também não há preocupação exclusiva com resultados, todo o processo das aprendizagens é considerado e avaliado.
É algo novo e que vale a pena ser experimentado, pois a proposta metodológica com PA’s é pautada na aprendizagem, na liberdade, na autonomia e cooperação para todos os envolvidos, professores e alunos.
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MODIFICANDO CONCEITOS
A aula presencial da Interdisciplina de língua Brasileira de Sinais, do eixo VII do Curso de Pedagogia à Distância, da UFRGS foi muito proveitosa, pois trouxe discussões muito importantes com relação a conceitos erroneamente circulados na mídia, no meio docente e na sociedade de forma geral no que diz respeito aos surdos.
Sempre tive plena convicção de que todo surdo é mudo, mas a partir das explicações trazidas pela professora Carolina Comerlato Sperb e sua intérprete, passei a entender que o surdo não apenas ouve, mas tem voz, e ela mesma exemplificou em sala de aula, contando que ao ver uma barata, se espanta e grita, a ao gritar nos causou um forte impacto, pois “desmontou” o conceito que tínhamos em relação aos surdos, antes tidos como surdos-mudos, e agora apenas surdos, porque não são ouvintes, mas tem voz.
Também nos permitiu refletir sobre o quão importante é a Língua Brasileira de sinais para eles, é o meio de expressar sua linguagem, de se comunicarem entre eles e com os outros.
Se tivermos presente a proposta de Inclusão, estaremos convictos que a Língua Brasileira de Sinais é algo que devemos nos apropriar para que possamos atender a todos, sem distinção, segundo as especificidades de cada indivíduo que faz parte de nosso contexto, na família, na escola, enfim.
Acredito que esta Interdisciplina é um diferencial em nossa formação docente, no sentido de que está ampliando significativamente muitos conceitos e ressignificando outros.
A cultura surda é algo que precisamos conhecer e trazer para dentro das escolas, só assim, derrubaremos as barreiras entre as culturas de ouvintes e não-ouvintes.
Eis aqui a excelência desta Interdisciplina!
Sempre tive plena convicção de que todo surdo é mudo, mas a partir das explicações trazidas pela professora Carolina Comerlato Sperb e sua intérprete, passei a entender que o surdo não apenas ouve, mas tem voz, e ela mesma exemplificou em sala de aula, contando que ao ver uma barata, se espanta e grita, a ao gritar nos causou um forte impacto, pois “desmontou” o conceito que tínhamos em relação aos surdos, antes tidos como surdos-mudos, e agora apenas surdos, porque não são ouvintes, mas tem voz.
Também nos permitiu refletir sobre o quão importante é a Língua Brasileira de sinais para eles, é o meio de expressar sua linguagem, de se comunicarem entre eles e com os outros.
Se tivermos presente a proposta de Inclusão, estaremos convictos que a Língua Brasileira de Sinais é algo que devemos nos apropriar para que possamos atender a todos, sem distinção, segundo as especificidades de cada indivíduo que faz parte de nosso contexto, na família, na escola, enfim.
Acredito que esta Interdisciplina é um diferencial em nossa formação docente, no sentido de que está ampliando significativamente muitos conceitos e ressignificando outros.
A cultura surda é algo que precisamos conhecer e trazer para dentro das escolas, só assim, derrubaremos as barreiras entre as culturas de ouvintes e não-ouvintes.
Eis aqui a excelência desta Interdisciplina!
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